sábado, 2 de outubro de 2010

Pedagogia de Projetos

Nos dias atuais, cada vez mais se torna imprescindível o desenvolvimento de propostas pedagógicas que valorizem a iniciativa e a participação ativa dos educandos.

No que se refere ao desenvolvimento humano, os avanços das pesquisas científicas, tem apontado que a criança, desde o período de gestação da mãe, já se encontra vinculada e interagindo com o meio. Estas pesquisas também se direcionam para a relação existente entre aprendizagem e desenvolvimento.

Neste sentido, é interessante observar o pensamento de Vygotsky (1988), no qual o sujeito é interativo, constrói seus conhecimentos de forma inter e intrapessoal: primeiramente constrói com os outros e o meio e depois organiza e elabora individualmente. É por meio da troca com outros sujeitos e consigo mesmo que se vai internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, permitindo assim a constituição da consciência coletiva.

No século XX, a criança foi reconhecida pela sua capacidade de criar, por seu entusiasmo em conhecer a própria vida e pelo seu poder de sensibilidade.

Vários estudos foram sendo desenvolvidos, no decorrer deste século com o objetivo de conhecer a visão de mundo e a imaginação infantil, os sentimentos das crianças e como se dá o desenvolvimento das aprendizagens das mesmas, como por exemplo pode-se citar estudos realizados por John Dewey (1859 – 1952).

Estes estudos realizados, nos levaramm a perceber a necessidade de procedermos a uma educação socialmente qualificada e de intervenção educativa essencial, fazendo-se necessário haver oportunidades para que a criança vivencie plenamente as múltiplas linguagens, que envolvem os diversificados aspectos que integram o seu desenvolvimento.

Dewey (1978) acreditava que, mais do que uma preparação para a vida, a educação era a própria vida, para este estudioso, aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante de fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos e ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionadas pelos problemas criados, pela ação desencadeada.

Foi então que inspirado pelas teorias e experiências de Dewey, o educador norte-americano William Kilpatrick (1871 – 1965) criou o método de projetos.

Em setembro de 1918, uma das mais importantes revistas de educação, Teachers College Recort, divulgou um artigo no qual este autor explica e denomina o "Método de Projetos". Tal proposta caracteriza-se como uma forma de integração curricular e preocupa-se com o "interesse" que deve acompanhar o trabalho pedagógico de modo a suscitar no aluno a vontade de saber. O embasamento teórico de Kilpatrick estava fundamentado nos estudos de uma "escola ativa" de John Dewey. Naquela época os conceitos científicos não eram construídos com os alunos, que deveriam memorizar os conhecimento "aprendidos". Deste modo, não proporcionavam uma melhor inserção e participação das crianças em seus ambientes de circulação.

Kilpatrick (1967) destaca três questões indispensáveis para o planejamento de projetos: "Como se realiza a aprendizagem; Como a aprendizagem intervém na vida para melhorá-la; Que tipo de vida é melhor". (KILPATRICK, 1967, apud SANTOMÉ, 1988, p.205).

Atualmente a pedagogia de projetos é discutida por diferentes autores: Santomé e Hernández na Espanha, Jolibert na França e Miguel Arroyo no Brasil, entre outros.

De acordo com Santomé (1998):

O principal ponto de partida do método de projetos deriva da seguinte filosofia: por que não fazer dentro da sala de aula o que se faz continuamente na rua, no ambiente virtual verdadeiro?[...] o método de projetos desenvolve-se com a finalidade de resolver os problemas de meninos e meninas em suas vidas cotidianas, como construir uma cabana, preparar uma festa local, construir uma pequena horta, proteger e ajudar um animal ferido, etc. (SANTOMÉ, 1998, p.204)

Hernández (1998) nos contempla com a seguinte idéia:

Não existem temas que não possam ser abordados através de projetos. Freqüentemente o sentido de novidade, de adentrar-se nas informações e problemas que normalmente não se encontram nops programas escolares, mas que o aluno conhece através dos meios de comunicação, conduz a uma busca em comum da informação, abrindo múltiplas possibilidades de aprendizagem, tanto para os alunos como para o professorado. Tudo isso não impede que os docentes também possam e devam, propor aqueles temas que considerem necessários, sempre e quando mantenham uma atitude explicativa similar à que se exige dos alunos. ( HERNÁNDES, 1998, p.68).


Miguel Arroyo (1994), defende a presença na escola de temas emergentes, de um currículo plural e aponta que:


Se temos como objetivo o desenvolvimento integral dos alunos numa realidade plural, é necessário que passemos a considerar as questões e problemas enfrentados pelos homens e mulheres de nosso tempo como objeto de conhecimento. O aprendizado e vivência das diversidades de raça, gênero, classe, a relação com o meio ambiente, a vivência equilibrada da afetividade e sexualidade, o respeito à diversidade cultural, entre outros, são temas cruciais com que, hoje todos nós nos deparamos e, como tal, não podem ser desconsiderados pela escola". (ARROYO, 1994, p.31)

OBS: Este texto foi elaborado a partir de leituras e pesquisas realizadas através da Interdisciplina Didática Planejamento e Educação - 2009/2 - Enfoque Temático 4

Bibliografia:
VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A Organização do currículo por projetos de trabalho. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

DEWEY, John . Vida e Educação. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

SANTOMÉ, Jurjo T. Globalização e interdisciplinariedade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

ARROYO, Miguel. Escola Plural. Proposta Pedagógica Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994.

KILPATRICK, 1967, apud SANTOMÉ, Jurjo T. Globalização e interdisciplinariedade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

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