sábado, 23 de outubro de 2010

Alfabetização e Letramento


A alfabetização é o processo de contínua descoberta, reconhecimento, relacionamento , interpretação e interiorização da língua escrita.
A criança deve atuar como sujeito do processo de aquisição da língua escrita, por isso tenho ela como um ser ativo na aprendizagem da leitura/escrita, mediante interação com o meio, com o outro e consigo mesma.
Procuro gerar ações, vivenciar com as crianças temas interessantes, estimulando-as com atividades prazeroras de leitura/escrita, utilizando muitas vezes a literatura infantil em projetos interdisciplinares, tentando assim, buscar o sentido daquilo que se lê e escreve, interagindo com o objeto de conhecimento que é a linguagem (oral, escrita, plástica, etc.) trocando conhecimentos e estabelecendo relações com as outras áreas de aprendizagem (interdisciplinariedade).

Destaco, partes do texto LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO, estudado na interdisciplina Fundamentos da Alfabetização – Eixo II - Profª Annamaria Rangel e Profª Jaqueline Picetti:

"Um sujeito letrado é aquele que se envolve em práticas sociais de leitura e escrita.
Uma criança, que mesmo ainda não dominando a técnica da leitura e da escrita, folheia livros, jornais, revistas... finge lê-los, brinca de escrever, escuta histórias lidas por outro, está rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, pode ser considerada letrada, pois já entrou no mundo do letramento. Embora, seja considerada analfabeta, pois ainda não aprendeu a ler e escrever.
Uma pessoa letrada é aquela que, além de aprender a ler e a escrever, faz uso dessa aprendizagem, envolves=se em práticas sociais de leitura e escrita. Acredita-se que, essa pessoa, ao tornar-se letrada, muda seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura, sua forma de relacionar-se com as outras pessoas, com o contexto etc. Esse processo de letramento pode trazer ao sujeito conseqüências lingüísticas, conforme já mostraram algumas pesquisas: uma pessoa letrada fala de forma diferente de uma iletrada ou analfabeta; depois de concluído o processo de letramento, há adultos que passam a falar de maneira diferente, demonstrando que o convívio com a língua escrita pode ter como conseqüências mudanças na língua oral, nas estruturas lingüísticas e no vocabulário.

“... aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e decodificar a língua escrita; (...) um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e escrita.” (p. 39 e 40)

Pode-se assim afirmar que, letramento é a condição de quem interage com diferentes portadores, gêneros, funções e tipos de leitura e escrita na vida.
A preocupação, nos dias de hoje, não deve centrar-se apenas em ensinar a ler e a escrever, mas também, e sobretudo, levar as pessoas a utilizarem a leitura e a escrita, envolvendo-se em práticas sociais dessas."

TEXTO: Síntese dos dois primeiros capítulos (O que é Letramento? E O que é Letramento e Alfabetização) do livro: SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Autêntica: Belo Horizonte, 2001. Material elaborado pela Profa. Doutoranda Jaqueline Picetti e pela Profa. Dra. Annamaria Rangel.


Penso que somente pensando, agindo, formulando hipóteses, refletindo e construindo o próprio saber é que a criança irá ler e escrever o mundo.

sábado, 16 de outubro de 2010

A Alegria de Ensinar


Ensinar é um exercício de imortalidade.
De alguma forma
continuamos a viver
naqueles cujos olhos
aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra.
O professor, assim, não morre
jamais...
Rubem Alves

Bibliografia
ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. ARS Poética Editora LTDA, 1994, p.4.

Múltiplas Linguagens

Usar bem a língua não necessariamente significa falar e escrever sempre de modo correto, mas adequar à circunstância. Os indivíduos devem dispor da língua de acordo com a situação comunicativa que estão inseridos e os objetivos que pretendem alcançar.
Falar ou escrever bem não é ser capaz de adequar-se às regras da língua, mas é usar adequadamente a língua para produzir um efeito de sentido pretendido numa dada situação (Marcuschi.2001).
A escrita também não é uma modalidade fixa, não é sempre formal/sofisticada/planejada, assim como a fala não é, em todas as situações de comunicação, informal/coloquial e sem planejamento (Kleiman,1995).
Atualmente, numa sociedade letrada, não se lê e se escreve apenas, mas principalmente desenvolve-se a oralidade, a fala.
A variação existente entre linguagem oral e escrita é uma realidade cada vez mais evidente, então, faz-se a importância de dedicarmos tempo de aprendizagem, tanto para a expressão oral quanto para a escrita.Acredito, então, que a utilização da diversidade literária em projetos interdisciplinares, pode contribuir muito para que isso ocorra.
As propostas de trabalho envolvendo aspectos da fala e escrita em sala de aula podem levar o professor a mostrar aos seus alunos, e com eles interpretar e produzir, as diversas possibilidades de expressão na sua língua. Sendo assim , faz-se necessário permitir ao aluno alcançar uma melhor compreensão de como se dá a produção de textos falados e escritos, bem como de que, dependendo do gênero textual, há diferenças maiores e menores entre fala e escrita.

Obs: Texto produzido a partir da Interdisciplina Linguagem e Educação, Eixo VII, módulo I

Referências:

MARCUSCHI, Luís Antônio. Da Fala Para a Escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez,2001.
KLEIMAN, Angela. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, SP. Mercado de Letras,1995. P. 15-61.

domingo, 10 de outubro de 2010

Atuação do Aluno e do Professor em Projetos Pedagógicos


O Papel do Aluno em Projetos

Fernando Hernández (1998, p.83) nos apresenta uma sequência de síntese da atuação dos docentes e alunos no projeto, indicando nesta, que o aluno: estabelece a possibilidade do tema, realiza a avaliação inicial: O que sabemos ou queremos saber sobre o tema?, realiza propostas de sequenciação e ordenação de conteúdos, busca fontes de informação, compartilha propostas, planeja o trabalho (individual, em pequeno grupo ou turma), realiza o tratamento da informação a partir das atividades, desenvolve trabalho individual , faz auto-avaliação, conhece o próprio processo em relação ao grupo.
Durante o desenvolvimento do projeto, as crianças são levadas a fazer escolhas, aprendem a priorizar objetivos e focalizar assuntos, sendo que, um dos resultados mais significativos dessas ações tem sido a considerável mudança de comportamento dos educandos no que se refere ao convívio com os colegas. Verifica-se, então, um aumento do clima positivo de interação, do diálogo argumentativo e da capacidade de aceitação dos posicionamentos alheios, fortalecendo a autonomia e o sentimento de grupo, unindo as crianças à identidade da escola sem perder a capacidade de julgamento, discernimento crítico e escolha democrática.

O Papel do Professor em Projetos

Hernández (1998, p. 83), na sequencia de síntese de atuação dos docentes e alunos no projeto, citada no tópico anterior, indica que o professor: estabelece os objetivos educativos e de aprendizagem, seleciona os conceitos, procedimentos que prevê possam ser tratados no projeto, pré-sequencializa os possíveis conteúdos a trabalhar em função da interpretação das respostas dos alunos, compartilha propostas, busca um consenso organizativo, preestabelece atividades, apresenta atividades, facilita meios de reflexão, recursos materiais, informação pontual, favorece, recolhe e interpreta as contribuições dos alunos, analisa o processo individual de cada aluno, conhece o próprio processo em relação ao grupo.
No trabalho com projetos interdisciplinares, pode-se dizer que o professor é um intérprete, pois capta idéias e interesses dos alunos, usando técnicas de observações e registros, o professor interpreta as manifestações das crianças. Quanto mais e melhor os professores conhecerem os seus alunos, mais facilmente poderão captar seus interesses, fontes de temas para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa. O professor, também, pode ser considerado um pesquisador, pois a medida que o projeto avança, o professor reflete, explora, estuda, pesquisa e planeja possíveis modos de elaborar e estender o tema.
Além de intérprete e pesquisador o professor torna-se também, um divulgador, pois ele necessita muitas vezes comunicar-se com outros segmentos da escola, com os pais dos alunos, com pessoas da comunidade, com palestrantes e etc., dependendo do tema escolhido e das atividades propostas, também, o professor muitas vezes documenta o trabalho, juntamente com seus alunos, através de fotos, filmagens, blogs ou portfólios.


Bibliografia:

HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A Organização do currículo por projetos de trabalho. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. Obs:Texto estudado na interdisciplina Didática, Planejamento e Avaliação- 2009/2

sábado, 2 de outubro de 2010

Pedagogia de Projetos

Nos dias atuais, cada vez mais se torna imprescindível o desenvolvimento de propostas pedagógicas que valorizem a iniciativa e a participação ativa dos educandos.

No que se refere ao desenvolvimento humano, os avanços das pesquisas científicas, tem apontado que a criança, desde o período de gestação da mãe, já se encontra vinculada e interagindo com o meio. Estas pesquisas também se direcionam para a relação existente entre aprendizagem e desenvolvimento.

Neste sentido, é interessante observar o pensamento de Vygotsky (1988), no qual o sujeito é interativo, constrói seus conhecimentos de forma inter e intrapessoal: primeiramente constrói com os outros e o meio e depois organiza e elabora individualmente. É por meio da troca com outros sujeitos e consigo mesmo que se vai internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, permitindo assim a constituição da consciência coletiva.

No século XX, a criança foi reconhecida pela sua capacidade de criar, por seu entusiasmo em conhecer a própria vida e pelo seu poder de sensibilidade.

Vários estudos foram sendo desenvolvidos, no decorrer deste século com o objetivo de conhecer a visão de mundo e a imaginação infantil, os sentimentos das crianças e como se dá o desenvolvimento das aprendizagens das mesmas, como por exemplo pode-se citar estudos realizados por John Dewey (1859 – 1952).

Estes estudos realizados, nos levaramm a perceber a necessidade de procedermos a uma educação socialmente qualificada e de intervenção educativa essencial, fazendo-se necessário haver oportunidades para que a criança vivencie plenamente as múltiplas linguagens, que envolvem os diversificados aspectos que integram o seu desenvolvimento.

Dewey (1978) acreditava que, mais do que uma preparação para a vida, a educação era a própria vida, para este estudioso, aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante de fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos e ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionadas pelos problemas criados, pela ação desencadeada.

Foi então que inspirado pelas teorias e experiências de Dewey, o educador norte-americano William Kilpatrick (1871 – 1965) criou o método de projetos.

Em setembro de 1918, uma das mais importantes revistas de educação, Teachers College Recort, divulgou um artigo no qual este autor explica e denomina o "Método de Projetos". Tal proposta caracteriza-se como uma forma de integração curricular e preocupa-se com o "interesse" que deve acompanhar o trabalho pedagógico de modo a suscitar no aluno a vontade de saber. O embasamento teórico de Kilpatrick estava fundamentado nos estudos de uma "escola ativa" de John Dewey. Naquela época os conceitos científicos não eram construídos com os alunos, que deveriam memorizar os conhecimento "aprendidos". Deste modo, não proporcionavam uma melhor inserção e participação das crianças em seus ambientes de circulação.

Kilpatrick (1967) destaca três questões indispensáveis para o planejamento de projetos: "Como se realiza a aprendizagem; Como a aprendizagem intervém na vida para melhorá-la; Que tipo de vida é melhor". (KILPATRICK, 1967, apud SANTOMÉ, 1988, p.205).

Atualmente a pedagogia de projetos é discutida por diferentes autores: Santomé e Hernández na Espanha, Jolibert na França e Miguel Arroyo no Brasil, entre outros.

De acordo com Santomé (1998):

O principal ponto de partida do método de projetos deriva da seguinte filosofia: por que não fazer dentro da sala de aula o que se faz continuamente na rua, no ambiente virtual verdadeiro?[...] o método de projetos desenvolve-se com a finalidade de resolver os problemas de meninos e meninas em suas vidas cotidianas, como construir uma cabana, preparar uma festa local, construir uma pequena horta, proteger e ajudar um animal ferido, etc. (SANTOMÉ, 1998, p.204)

Hernández (1998) nos contempla com a seguinte idéia:

Não existem temas que não possam ser abordados através de projetos. Freqüentemente o sentido de novidade, de adentrar-se nas informações e problemas que normalmente não se encontram nops programas escolares, mas que o aluno conhece através dos meios de comunicação, conduz a uma busca em comum da informação, abrindo múltiplas possibilidades de aprendizagem, tanto para os alunos como para o professorado. Tudo isso não impede que os docentes também possam e devam, propor aqueles temas que considerem necessários, sempre e quando mantenham uma atitude explicativa similar à que se exige dos alunos. ( HERNÁNDES, 1998, p.68).


Miguel Arroyo (1994), defende a presença na escola de temas emergentes, de um currículo plural e aponta que:


Se temos como objetivo o desenvolvimento integral dos alunos numa realidade plural, é necessário que passemos a considerar as questões e problemas enfrentados pelos homens e mulheres de nosso tempo como objeto de conhecimento. O aprendizado e vivência das diversidades de raça, gênero, classe, a relação com o meio ambiente, a vivência equilibrada da afetividade e sexualidade, o respeito à diversidade cultural, entre outros, são temas cruciais com que, hoje todos nós nos deparamos e, como tal, não podem ser desconsiderados pela escola". (ARROYO, 1994, p.31)

OBS: Este texto foi elaborado a partir de leituras e pesquisas realizadas através da Interdisciplina Didática Planejamento e Educação - 2009/2 - Enfoque Temático 4

Bibliografia:
VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A Organização do currículo por projetos de trabalho. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

DEWEY, John . Vida e Educação. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

SANTOMÉ, Jurjo T. Globalização e interdisciplinariedade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

ARROYO, Miguel. Escola Plural. Proposta Pedagógica Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMED, 1994.

KILPATRICK, 1967, apud SANTOMÉ, Jurjo T. Globalização e interdisciplinariedade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.