quarta-feira, 8 de setembro de 2010

História da Literatura Infantil


A literatura infantil surgiu, na verdade por responsabilidade do próprio homem, que ao sentir necessidade de transmitir acontecimentos e idéias, buscou na contação de histórias fictícias uma maneira de repassar a herança cultural, acumulada pela humanidade, ao longo do tempo. Essas histórias eram apenas contadas, não sendo registradas por escrito.
A princípio a criança era vista como um "pequeno adulto", ou seja ela deveria ser educada conforme os objetivos traçados pelos adultos, sem se preocupar com as capacidades e vontades próprias da infância.
Nos dizem Varela e Alvarez-Uria (1992) que segundo as idéias do historiador Philippe Ariès, na Idade Média não existia uma percepção realista e sentimental da infância. As crianças não eram nem queridas nem odiadas nos termos nos quais estes sentimentos se expressam no presente, participavam juntamente com os adultos das atividades lúdicas, educacionais e produtivas e não se diferenciavam dos adultos nem pelas roupas que vestiam nem pelos trabalhos que executavam nem pelas coisas que diziam ou deixavam de dizer.
Alguns livros circulavam na idade Média e do Renascimento, sendo os catecismos criados pelos padres Jesuítas, para pregar o cristianismo às crianças e também circulavam fábulas com narrativas moralizadoras e os livros com narrativas de comportamento exemplares.
Os primeiros livros infantis surgiram no século XVII, quando lançou-se a obra do famoso francês Charles Perralt, que ao trazer histórias da tradição especialmente para as crianças da corte real, narrando-as em finos versos ou prosa burilada, e fazendo com que todas se acompanhassem de uma moral, recontou versões imortais de A Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, A Gata Borralheira, O Pequeno Polegar e O Gato de Botas entre outras, conseguindo resgatar este repertório e transformá-lo criticamente nos diversos tipos humanos da sociedade da época, acentuando nas narrativas a forma fantasiosa e mágica, própria das crianças, ao encarar situações.
No século XIX surgem os famosos Contos de Grimm, que foram reunidos pelos pesquisadores e folcloristas alemães Jacob e Wilhelm Grimm, tratando-se de narrativas de fundo popular. Os Contos de Grimm apresentavam uma grande diferença em relação à obra de Perrault: não se destinavam à leitura da corte, mas tinham como objetivo preservar um patrimônio literário tradicional do povo alemão e estar ao alcance de todo mundo. Essa intenção era evidente desde o primeiro título do Livro (Cantos para o Lar e as Crianças). Com esse objetivo, os contos eram narrados em prosa e numa linguagem bem próxima a oralidade, de um jeito parecido ao que era falado pela gente do povo, entre eles os mais conhecidos são: A Branca de Neve e os sete Anões, Os Cisnes Selvagens, Rumpeltistiskin, João e Maria e os Músicos de Bremen.
Entre 1835 e 1872, o dinamarquês Hans Christian Andersen, lançou outra grande antologia de contos de fadas. Andersen apresentou-se com uma grande diferença em relação a Perrault e aos irmãos Grimm: não se limitou a recontar as histórias tradicionais que corriam pela boca do povo, fruto de uma criação secular coletiva e anônima. Ele foi mais além e criou várias histórias novas, seguindo o modelo dos contos tradicionais, mas trazendo sua marca individual e inconfundível - uma visão poética misturada com profunda melancolia. Assim seu livro além de contos de fadas recontados, trazia também novidades como O Soldadinho de Chumbo, o Patinho Feio, A Roupa Nova do Imperador, Polegarzinha e tantas outras narrativas com animais e objetos como seres dotados de comunicação e sentimentos. Seus contos ainda fazem parte do universo infantil e contagiou a imaginação de outros autores.

Cademartori (1994) afirma que:

... a literatura infantil se configura não só como instrumento de formação conceitual, mas também de emancipação da manipulação da sociedade. Se a dependência infantil e a ausência de um padrão inato de comportamento são questões que se interpenetram, configurando a posição da criança na relação com o adulto, a literatura surge como um meio de superação da dependência e da carência por possibilitar a reformulação de conceitos e a autonomia do pensamento. (CADEMARTORI, 1994, p.23)

No Brasil em 1921, a literatura infantil teve como principal marca a obra de Monteiro Lobato, quando publicou Narizinho Arrebitado, que apresentava um apelo à imaginação, diálogos, linguagem visual, enredo, humor e a graça na expressão linguistica e representava "toda uma soma de valores temáticos e linguisticos que renovava o conceito de Literatura Infantil no Brasil" (ARROYO, 1990, p.198), e mais adiante muitas outras obras que até hoje encantam milhares de crianças, despertando o prazer e o desejo de ler.

Bibliografia:
ARROYO, L. Literatura Infantil Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.198.

CADEMARTORI, L. O que é literatura infantil? 6ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994, p.23.

MACHADO, Ana Maria. Como e porque ler os clássicos universais desde cedo – Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, cap. 7. Estudado na Interdisciplina Literatura Infanto Juvenil-Eixo III- Bloco 5

VARELA . e ALVAREZ-URIA .A Maquinaria Escolar, publicado na Revista Teoria & Educação, editada em Porto Alegre, n.6, 1992, p.74. Estudado na Interdisciplina Escolarização, Espaço e Tempo na Perspectiva Histórica - Eixo II.

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Olá querida,

Que bela busca, essa postagem vem de encontro ao seu tema de TCC. Estás no caminho certo.

abraços