terça-feira, 26 de maio de 2009

Educação, Civilização e Barbárie

Theodor Adorno, num artigo de 1968, influenciado pela Psicanálise, diz entender por barbárie a agressividade primitiva humana, os impulsos de destruição que tem por propósito destruir as conquistas da civilização, tais como a ética, o direito, a democracia as ciências, a idéia de progresso, etc.
No seu tempo, Adorno apontava como maior das barbáries o genocídio praticado pela política nazista de extermínio em massa dos judeus. No sistema democrático capitalista, o pensador alemão também identificou a barbárie na arte, na cultura ,na educação, na mídia, cujos sintomas uma reação desproporcional em ato que faz oposição aos avanços da civilização. O autor alemão considera a falência da cultura e da educação a “razão objetiva da barbárie”; a bárbárie se autoriza numa sociedade onde a cultura e a educação deixam de ser prioridade tanto do governo como da sociedade civil.
Para Adorno, tanto a estrutura básica da sociedade moderna, quanto a maneira de agir de seus membros não mudaram, mesmo vinte e cinco anos após o Holocausto.
De nossa parte, consideramos que, 60 anos após, os horrores do genocídio não se distinguem de outros sofrimentos que a sociedade nos impõe todos os dias, o que identifica o Holocausto não como uma aberração, mas uma decorrência da modernidade.
Estaríamos hoje sofrendo um processo de barbarização da sociedade. A falta de respeito para com o próximo, a falta de vergonha, a indiferença para com o sofrimento dos outros, a exclusão social, a competição insana entre nações, grupos e pessoas, atos criminosos como por exemplo , no Brasil ,onde moradores de rua, indefesos, são covardemente mortos a pauladas, a matança de crianças, etc. são alguns dos sintomas de barbárie do nosso cotidiano.,
Segundo Adorno, o que outrora era exemplificado apenas por alguns monstros nazistas pode ser constatado hoje a partir de casos numerosos, como delinquentes juvenis, lideres de quadrilhas e tipos semelhantes, diariamente presentes no noticiário.
Num quadro de perspectivas sombrias, Adorno (1972), sustentava esperança na educação e na cultura – e não na repressão policial , na guerra ou no terror. Inicialmente caberia a educação e a cultura um papel fundamental para evitar a disseminação da barbárie no mundo. Cabe a escola, a universidade e a mídia uma importante função: ser agentes da civilização.
Adorno, por sua vez, é enfático quando observa que a “questão mais urgente da educação contemporânea é a desbarbarização” da humanidade(...); a desbarbarização da humanidade é a precondição imediata de sua sobrevivência”(1995b:101-103).
Finalizando, creio que temos de ser otimistas e entender que a dimensão humana pode ser educada e transformada em desejo canalizado em prol da cultura, da linguagem dialógica e da construção de uma verdadeira civilização dotada sobretudo de sabedoria.

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