sábado, 24 de abril de 2010

Socialização



Piaget enfatiza a interação social como condição necessária para o desenvolvimento intelectual.Muitas pessoas acreditam que a teoria de Piaget enfatiza somente a maturação do sistema nervoso e a experiência com objetos concretos.No entanto, estes componentes, por essenciais que sejam, não são suficientes. As crianças precisam falar, discutir e disputar com outras crianças. O professor precisa cuidar que a interação social, enfatizando a linguagem, tenha um lugar proeminente no planejamento diário do ensino. Isto pode ser realizado através da inclusão de atividades como, trabalhos de grupo, discussões em grupo, resolução de problemas em grupo, atividades teatrais e etc.
As crianças que se encontram no estágio das operações concretas (estágio em que se encontram a maioria de meus alunos )estão crescendo quanto ao respeito que elas tem pelos outros e ao mesmo tempo cresce o desejo de estar com outras crianças, de ter atividades em grupo, de participar de jogos em grupo, de formar grupinhos, clubinhos, etc.
Um exemplo de atividade em grupo que realizei em uma de minhas aulas, dentro do projeto: "Pindorama, Brasil dos Índios", foi a construção de maquete sobre aldeias indígenas onde os alunos divididos em grupos entre 5 e 6 alunos tinham que montar uma maquete utilizando argila, papelão, papel crepom, ilustrações, folhas de árvores, pedrinhas, cola, tesoura, canetinhas, lápis de cor. Eles próprios tinham que se organizar e combinar como fariam a maquete. Para completarem o trabalho tiveram que trocar muitas idéias, respeitar opiniões, resolver conflitos e determinar posições. Como professora, fui intermediando, cooperando e auxiliando quando muito necessário ou solicitada. Após prontas as maquetes realizamos uma exposição das mesmas aos alunos do 1º ano, onde os grupos produtores das maquetes sentiram-se muito importantes e unidos na construção do trabalho, solidificando assim, o trabalho coletivo.
Bibliografia:
PIAGET ao alcance dos professores, C.M. Charles. California State University, San Diego.Tradução: Profª Igeborg Strake, AO Livro Técnico S/A- Rio de Janeiro-1979.

sábado, 17 de abril de 2010

Hora do Conto




No dia 13/04 realizei com minha turma a Hora do Conto da história dos "Pingos"dos autores
Mary e Eliardo França da editora Ática . Como estava trabalhando uma arquitetura pedagógica em forma de projeto sobre a prevenção da Gripe "A", a história encaixou-se bem dentro do assunto, pois a história dos Pingos nos conta de maneira criativa e alegre como devemos tratar alguém que está gripado e como pode se dar a transmissão da doença.
Realizei a contação da história utilizando a técnica do varal, onde conta-se a história, pendurando-a em partes numa cordinha com prendedores.
A técnica foi bem interessante e atraiu bastante a atenção dos alunos que ficaram muito atentos a história. Logo após realizamos um diálogo sobre a história, comparamos os acontecimentos da história com o cotidiano da vida real e reescrevemos a história coletivamente no quadro, para após realizarmos a cópia em folha digitalizada com ilustração do personagem principal da história que é o "Pingo-de-Ouro".
Após a escrita da história confeccionamos os personagens com balões, papéis coloridos, barbante, fita adesiva e canetinhas.
Com os personagens realizamos uma dramatização da história. As crianças se divertiram muito e foram muito espontâneas nas suas atuações.
Realizando atividades com Histórias percebo que o ideal da literatura é fazer com que as crianças unam o entretenimento e a instrução ao prazer da leitura. Portanto a literatura vem educar a sensibilidade, reunindo a beleza das palavras e das imagens. A criança pode desenvolver suas capacidades de emoção, admiração, compreensão do ser humano e do mundo, entendimento dos problemas alheios e dos seus próprios, enriquecendo, principalmente suas experiências escolares, cidadãs e pessoais.
A literatura nada mais é do que uma fonte saudável de alimentação à imaginação infantil. A palavra tem sua beleza própria, mas somente reconhece quem sabe usá-la:

[...]identificação,pelo prazer que toda leitura com pretensões a ser de algum proveito deve provocar na alma da criança, para além de qualquer simplismo de expressão, ou do puro retrato físico de uma modalidade de ser e de sentir, que a criança permenentemente luta por transcender. (Jesualdo, 1978,p.30)

As histórias infantis podem, assim trabalhar a formação moral, social e literária, estabelecendo uma íntima relação com o mundo de fantasias, o qual todas as crianças apresentam em seus momentos particulares, e a transposição do real.

Bibliografia:
JESUALDO. A Literatura Infantil. Tradução de : James Amado. São Paulo:Cultrix, 1978

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Construindo e Interagindo com Autonomia


Para Vygotsky, o sujeito é interativo, constrói seus conhecimentos de forma inter e intra-pessoal: primeiramente constrói com os outros e o meio e depois organiza e elabora individualmente. É por meio da troca com outros sujeitos e consigo mesmo que se vai internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, permitindo assim a constituição da consciência e da consciência coletiva.
Vygotsky (1988) destaca a participação do adulto na aprendizagem da criança como incentivador e enriquecedor de suas experiências, ampliando suas perspectivas e induzindo à criação. O ambiente, por mais propício que possa apresentar-se, não configurará de forma eficiente se o educador não estabelecer com o educando uma relação recíproca de acordo com sua postura crítica comprometida com as transformações de nossa sociedade. A atuação do educador deve levar em consideração o conhecimento cotidiano do educando, o educador precisa conhecer e saber realizar as leituras sobre a realidade. "Tomemos como ponto de partida o fato de que a aprendizagem escolar nunca parte do zero. Toda a aprendizagem da criança na escola tem uma pré-história".(Vygotsky,1988,p.104)

Construção de texto coletivo:
Motivados pela montagem de três personagens (através de trabalho de pintura, recorte e colagem) meus alunos foram provocados a construírem uma história que envolvesse os três personagens (um cozinheiro, um palhaço e um bombeiro). Em um 1º momento alguns alunos ficaram apavorados e achavam que não tinha como, mas outros alunos acreditavam que tinha como fazer e iniciou-se uma explosão de idéias
O texto coletivo, então foi formado a partir das idéias colocadas pelos alunos. Eu escrevi as idéias dos alunos no quadro, para a formação do texto. Durante a formação do mesmo, simplesmente coordenei realizando reflexões e verificando a necessidade de alguns ajustes.
Depois de pronto o texto, no quadro, a turma realizou uma leitura coletiva, junto comigo, que ia passando uma régua embaixo das linhas do texto, à medida que a turma ia lendo, para que todos acompanhassem observando a orientação do texto: de cima para baixo, da esquerda para a direita. Esse procedimento foi repetido várias vezes por pequenos grupos, um de cada vez, para que todos se familiarizassem com o texto. Os alunos, também leram individualmente de acordo como iam se sentindo à vontade, para ler em voz alta para a turma.
Foram destacadas no texto as palavras mais significativas e algumas atividades foram geradas com estas palavras, como: contagem do nº de letras, letra inicial e final, separação silábica e formação de novas palavras com as sílabas das mesmas.
O texto foi reproduzido e distribuído aos alfabetizandos para ser lido com a família e escrito no caderno e, para posteriormente, ser utilizado em outras atividades, como por exemplo ser colocado no livro de histórias da turma.
Visualize o texto CLICANDO AQUI
Com esta atividade de construção de texto coletivo, os alunos participaram ativamente do próprio aprendizado com autonomia, trocaram idéias, ajustaram suas próprias falas de acordo com as falas dos outros, construiram um ambiente de cooperação e de interação respeitando as idéias uns dos outros,além de desenvolverem a linguagem e a oralidade.

Bibliografia:
Curso de Formação de Educadores BB Educar.Textos Complementares-Teoria histórico-cultural de Vygotsky.

Vygotsky, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Centro de Interesse





Na última semana de março, os alunos estavam realizando muitos comentários sobre a Páscoa. Todos estavam ansiosos, porque estaria perto da chegada do "coelhinho". Resolvi questioná-los sobre o que era a Páscoa, porque o coelhinho viria. Obtive várias respostas, inclusive que seria aniversário do coelhinho. Percebi que os alunos não associavam a história de morte e ressurreição de Cristo com a Páscoa.
Então, iniciamos um trabalho sobre A Páscoa, sendo este tema, o Centro de Interesse dos alunos. Por vários dias trabalhamos em torno deste assunto de diversas formas e abrangendo várias interdisciplinas neste único tema. Realizamos atividades como: Contação de histórias, troca de informações sobre vida e morte de Jesus, pesquisa referente aos símbolos da Páscoa, atividades de linguagem envolvendo escrita de palavras relacionadas ao assunto, atividades envolvendo dezena, adições e subtrações utilizando material relacionado a Páscoa como cesta e ovos,propagandas de encartes com preços de produtos de páscoa, contagem de quantidades, construção de painel sobre os símbolos da Páscoa a partir de pintura com tintas têmperas, teatro referente a história contada "Tico, o coelhinho das orelhas caídas" de Gerusa R. Pinto,caracterização dos alunos como coelhos, festinha de confraternização com as turmas da manhã e tarde juntas, com merenda coletiva.
A estratégia de ensino,Centro de Interesse, foi criada pelo médico belga Ovide Decroly.
Essa idéia nos remete à concepção de globalização do ensino. Os temas dos chamados Centros de Interesse surgiram imprescindivelmente, das necessidades vitais da criança, definidas por Decroly, no início do século XX.
Na tentativa de encontrar formas mais eficazes de realizar a tarefa educativa, esta estratégia sofreu uma revisão,por diferentes estudiosos da educação, visando à maior adequação aos princípios e técnicas da pedagogia atual.
Segundo Amato, Centros de Interesse são agrupamentos de conteúdos e atividades educativas realizadas em torno de temas centrais de grande significação para a criança.Os temas dos Centros de Interesse, geralmente envolvem todas as aprendizagens. Por meio desses temas extraídos do contexto em que vivem as crianças é possível por-se à tona todas suas capacidades e , com isso, elas passam a enriquecer-se, tornar-se mais hábeis e a aplicar conhecimentos para resolver diferentes situações que lhes são propostas, no seu cotidiano.
Trabalhar com Centro de Interesse para mim significa satisfazer os interesses dos alunos, oportunizar a eles situações de melhor integração ao seu meio, mobilizar os alunos na realização das atividades em experiências concretas, oportunizar a realização de tarefas variadas, promover a integração afetiva entre os alunos, proporcionar aos alunos o entendimento da importância do seu desempenho individual em relação aos grupos em trabalhos coletivos, estimular nos alunos a participação, a iniciativa, a descoberta e a construção de aprendizagens básicas necessárias.

Bibliografia:
Revista do Professor, Porto Alegre,20 (78):32-36, abril/junho.2004